segunda-feira, 9 de março de 2009

IGREJA METODISTA: NEM EPISCOPAL, NEM CONGREGACIONAL, MAS UMA INSTITUIÇÃO COM REGIME DE GOVERNO HÍBRIDO


SISTEMA DE GOVERNO HÍBRIDO?




A CONSTITUIÇÃO DA IGREJA METODISTA, aprovada pelo X Concílio Geral da Igreja Metodista, realizado em julho de 1970, na cidade de Belo Horizonte, diz em seu Artigo. 5º: “A forma de governo da Igreja Metodista é episcopal e seu sistema, representativo.”

Apesar de a Igreja Metodista posicionar-se em seus documentos como uma instituição religiosa Episcopal e Conexional, ambos sistemas oficiais não são aplicados em sua integralidade, mas apenas parcialmente, o que provoca uma série de crises e conflitos na gestão da instituição.

O que temos observado é que a IM, em geral, é Episcopal e Conexional nas obrigações, mas ela é Congregacional nos privilégios. Explico:

Uma Igreja Local possui inúmeras obrigações episcopais e conexionais, as quais sejam, dentre outras: Sujeitar-se aos Cânones, sujeitar-se às determinações episcopais (tais como nomeações pastorais), obedecer ao regime de recolhimento de contribuições institucionais (cotas orçamentárias), etc.

Neste mesmo sentido, os clérigos também possuem obrigações episcopais a serem observadas, todas vinculadas à obediência hierárquica, seguindo as determinações de seus superiores, em espacial as do seu Bispo imediato, do Colégio Episcopal e Cânones, devendo ser submisso às normas e nomeações pastorais.

Não obstante, quando o nosso foco sai do campo das obrigações, mas entra no campo dos privilégios, tanto a Igreja Local quanto o clérigo muda de regime, tornando-se Congregacional.

Assim, cada Igreja Local deve fazer frente às suas próprias despesas, sendo ela responsável pela sua manutenção e investimentos (modelo próprio do Sistema Congregacional). São raras as vezes em que uma Sede Regional ou a Nacional intervém financeiramente numa Igreja Local objetivando acudi-la financeiramente. Ao contrário, se uma igreja local não é financeiramente auto-suficiente, ela é alvo de ônus, tais como rebaixamento de categoria (ação institucional) ou decadência espiritual (ação natural). Mas se ela for financeiramente saudável, neste caso, os bônus serão revertidos também para as sedes. Assim, as sedes são participantes dos bônus (recebendo cotas devidas), mas não são responsáveis pelos ônus (enviando sustento financeiro para as congregações em dificuldades). Excetua-se neste caso os Campos Missionários – obviamente.

Neste mesmo sentido, os pastores estão debaixo do episcopado quando o tema são suas obrigações eclesiais, entretanto, quando o tema muda para o foco financeiro, o episcopado cede espaço para o congregacionalismo: Cada congregação subsidia (ou não) o seu pastor.

A criação de um piso salarial já é um avanço significativo, pois é uma forma de a instituição resguardar que as Igrejas Locais não sejam cruéis com seus pastores (que pode acontecer no regime Congregacional), entretanto, a obrigação com relação ao pagamento deste piso não é das sedes, mas somente das congregações, o que caracteriza o sistema Congregacional.

Esta situação pouco observada e menos ainda discutida ou criticada é conseqüência de uma gestão onde “paradigmas administrativos” são confundidos com “heranças metodistas” ou até pior: “tradições wesleyanas” e tem, em sua concepção, a raiz de inúmeros problemas dentro da instituição metodista. Pois deste sistema híbrido de governo, no qual os privilégios são mais congregacionais e as obrigações são mais episcopais, a política pessoal passa a ser um instrumento utilizado por clérigos para garantir a subsistência e conforto de sua família, ou para manter o status e vantagens já obtidos em sua “carreira”.

Já ouvi um pastor referir-se de maneira irônica ao que ele chama de “baixo clero” e “alto clero”, nomenclatura usada para definir aqueles profissionais vocacionados com privilégios financeiros distintos, apesar de obrigações idênticas.

Qual seria o caminho para resolver esta situação? Minha interferência neste tema deterá apenas em levantar esta crítica questão, objetivando análises, com vistas a discussões mais profundas por parte das lideranças metodistas. Contudo, não me sinto autorizado ou capacitado para ir, neste trabalho, além deste ponto. Todavia, creio que o melhor caminho para iniciar o debate é o reconhecimento do problema.

7 comentários:

  1. Lu... parabéns temos que levantar atalaias para abrir a boca, pena que muitos leem concordam, mas os que podem fazer algo ignoram....e nao leem e fingem que isso acontece em outras denominações e não na IM

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  2. ACHEI BASTANTE INTERESSANTE A QUESTÃO, NÃO SOU METODISTA,MAS PARTICIPO DE UM IGREJA QUE ESTA ESTUDANDO ESSE ASSUNTO,QUEREMOS EVITAR TODAS ESSAS CONTRADIÇÕES PARA POSSIBILITAR A PRATICA DE UM SISTEMA MAIS JUSTO COM O REBANHO.
    PARABENS!

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  3. Lança a palavra, mas não quer fazer parte do debate. Desce do muro figura.
    Você sabe o que queres dizer com tudo isto.
    Abaixo a ditadura eclesiastica

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  4. Com relação ao comentário anterior, apresento esta réplica:

    Caro Anônimo,
    Minha opinião já está expressa acima, ou seja, não estou em cima de nenhum muro, até porque não tenho nenhuma solução para apresentar mas tão somente expus uma contradição existente na administração metodista.
    Você, ao contrário de mim, tem uma opinião bem firme: "Abaixo a ditadura eclesiástica", portanto, caro Anônimo, desça do muro e mostre sua cara para que o debate possa existir. Não posso debater com apócrifos.

    Luciano Maia

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  7. Gostei muito desta matéria, mas só agora tomei conhecimento deste blog. Estou atrasado... Seria muito importante que fosse reeditada, ou seja recolocada quando estamos às vésperas de mais um conclave geral da Igreja Metodista.
    Observo que não vejo neutralidade na apresentação da matéria, pois creio que esta é uma atividade moderadora. Todas as opiniões são importantes, pois nesta diversidade é que se garimpa o ouro, o diamante, etc,. Creio que é necessário que tiremos a trave dos olhos para retirarmos o cisco do olho profano, pois nos adaptamos facilmente a sistemas copiados da corrupção e omissões governamentais. A igreja só será útil ao mundo e ao reino de Deus se for referencial (Sal) de tempero (oferecer sabor de vida) e (Luz) se iluminar nas trevas oferecendo o norte da vida e não o sul do caos e da mentira.
    O grande risco que estamos envolvidos é a laiciza. Se a igreja não é dos clérigos, e não é, tampouco pode de leigos, pois assim o chamado de Deus, a vocação seria uma farsa, um sofisma, uma utopia. A Igreja é de Deus que procura verdadeiros adoradores...
    Ora, se a igreja episcopal torna-se híbrida, qual a razão de um Colégio Episcopal?

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