terça-feira, 10 de março de 2009

SOCIEDADES METODISTAS: QUAL A REAL FUNÇÃO DESTAS INSTITUIÇÕES?


Em 1987 foi iniciado no Brasil um novo jeito de ser Igreja Metodista. Neste ano instalou-se o "sistema" Dons & Ministérios. Os intusiástas do novo modelo eclesiológico diziam que "não mais éramos uma igreja de 'cargos e de poderes' mas sim de 'dons e ministérios'.

Não demorou nem uma década para que todos as metodistas brasileiras estivessem já adaptadas ao novo modelo. Todos tinham um ministério na igreja local. Este modelo agradou todas as linhas teológicas vigentes. Contudo, posto muitos estudiosos, autoridades e teólogos de nossa igreja metodiosta terem levantado a discussão sobre o papel das sociedades metodistas atualmente, também eu quero participar aqui deste debate: Qual o papel do antigo modelo de sociedades etárias dentro de um regime de dons e ministérios?

Considerando que os ministérios têm assumido bem as suas funções na igreja, pouco sobra para que as sociedades façam. Assim, o que temos assistido é o esvaziamento do modelo de sociedades (especialmente de homens e de mulheres).

Muitas atividades que antigamente eram exercidas pelas Sociedades de Homens são hoje exercidas por Ministérios. Vejamos:
-Evangelizar? Ministério de Evangelização.
-Mutirão para pintura do templo? Ministério de Administração.
Fica a pergunta: Qual a razão de existirem duas instâncias? Apenas tradicionalismo?

Mesmo fenômeno acontece no lado das mulheres. Vejamos:
-Apoio às mães solteiras? Ministério de Ação Social.
-Festas, eventos e comemorações especiais? Ministério de Socialização.
-Visita a enfermos? Ministério de Visitação.

Do ponto de vista pragmático, não temos visto motivos para termos duas entidades para fazerem a mesma coisa. Se o pastor tem competência para fazer os ministérios funcionarem bem, porque colocar nas costas do leigos mais peso, mais fardo, mais responsabilidade?

Queremos uma igreja que funcione e que pregue o Evangelho ou queremos ums instituição que preserva as tradições?

Somos igreja viva, que se renova com o passar dos anos, conforme o mover do Espírito Santo, ou somos prédios, cargos, lembranças, passado?

Vejo a sobrecarga que muitos leigos carregam de maneira culposa e questiono porque que alguns clérigos "Amarram fardos pesados e os põem nas costas dos outros". Fardos do tradicionalismo que são pesados demais, que alguns clérigos mesmos "não os ajudam, nem ao menos com um dedo, a carregar esses fardos."

Se a experiência de "Dons e Ministérios" tem se mostrado vitoriosa, " deixemos, [portanto] de lado tudo o que nos atrapalha... e que se agarra firmemente em nós e continuemos a correr, sem desanimar, a corrida que nos está proposta."

Não podemos nos esquecer que as formas, fórmulas e maneiras variam de tempos em tempos.
Quando o protestantismo surgiu, em 1500, não existia nem grupos societários nem escola dominical. Estas foram coisas que surgiram séculos posteriores, coisas "modernas". Mas, assim como Deus continua criativo, temos que continuar caminhando. Não proponho jogar tudo no lixo: Absolutamente não! Mas proponho um debate franco e corajoso...

Este blog, como o próprio nome diz, é um divã, ou seja, um local onde podemos pensar sobre nós mesmos, analisarmo-nos e irmos atrás de nossas certezas e de nossas incertezas. O divã é fundamental para a saúde das pessoas e das instituições. Aqui não estamos afirmando nada, apenas, participando de um debate que já foi levantado anteriormente por autoridades metodistas. Os homens do Distrito em que participo estarão, neste mês, organizando um Fórum, justamente para debater caminhos para a Sociedade de Homens. Lá todos estaremos no divã.

Vejam, não que não seja ótimo um grupo de homens reunirem-se num sábado à tarde para fazerem algo divertido juntos, bater um papo alegre, bater uma bolinha e até trocar experiências conjugais: os mais velhos auxiliando os mais moços. Tudo isto é muito bacana. Mas será que para este bate-papo edificante é necessário ter uma taxa mensal?

Claro que quero minha esposa reunindo-se com outras amigas da igreja para relaxarem da rotina da semana, para trocarem experiências de vida, rirem e assim viverem o Evangelho da Graça juntas, afinal, é importante que elas descansem dos muitos trabalhos profissionais, domésticosr e dos muitos trabalhos dos ministérios (pois uma já ensaiou o coral, outra esteve visitando com o ministério de visitação, outra coordenou orações e outra ainda preparou aula da Escola Dominical...), contudo, será mesmo necessário que exista uma ata desta reunião? Número de matrícula, taxa e carteirinha para poder ter amigas? Desproposital eu diria. No mínimo, muito bizarro.

A energia que se gasta tentando manter vivo um sistema de organização leiga, do qual  "Dons e Ministérios" concorre e ganha com muita facilidade, tem de haver um sentido claro tanto na emoção quanto na razão.

Penso que estes questionamentos acima não sejam verdadeiros para duas sociedades: Jovens e Juvenis.
Posto serem estes, por questões etárias, naturalmente menos envolvidos em ministérios e também por terem mais energia e mais necessidade de atividades, as Sociedades de Jovens e de Juvenis ainda ocupam lugar de destaque dentro do cenário de qualquer igreja que queira crescer. Estas são importantes, pois esta moçada realmente gosta e precisa de movimento. Tempo e energia eles possuem de sobra!

Que Deus nos ajude a nos focarmos nas atividades fim e não nas atividades meio.

Este video abaixo, enviado aos pastores da 5ª Região pelo Bispo Adonias, fala exatamente de pessoas de Deus, cristãos sérios, que por ficarem presos a fórmulas antigas e ficarem presos ao passado, viraram museus...

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