quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Deixei de ser evangélico...



Sem o menor sentimento de culpa admito que me tem sido coisa rara a afirmação "sou evangélico". Nem sempre foi assim. Houve tempos, já escondidos pela névoa do tempo, nos quais eu sentiria santo orgulho de tal identificação: que saudades! O tempo não para, dizia o poeta. E o tempo passou, sem muita poesia, assassinando poetas, e consagrando, quase sempre, gente cuja poesia maior é dedicada a ídolos. Nos esquecemos da primeira regra do Decálogo: adoramos personalidades, a nós mesmos, o sucesso, o dinheiro, o poder, os títulos eclesiásticos... Diante de Deus, nós, e nossos muitos deuses.

Recentemente questionaram qual minha opinão sobre o Padre Fábio de Melo, o cabeleira de gel, sem batina, que vive dizendo que tudo é "liiiiindo!", ter dito: "Eu também sou Evangélico!". Não deixa de ser uma declaração bonita e, quiçá, fruto de algum amadurecimento proporcionado em tempos pós Vaticano II. Tudo muito "liiiiiiindo!". Admitamos, por mais anti-catolicos sejamos, nada é tão prazeiroso que ouvir um padre reconhecendo que a salvação é por Graça, e que nossa missão principal é anunciar o Evangelho de Cristo. No entanto, creio que o padre precisa dar uma atualizada na cabeleira, já que a idéia que ele tem sobre o que é ser "evangélico" está defasada há, no mínimo, uma década e meia! Atualmente, ser evangélico pode significar qualquer coisa, o que nos leva a significado nenhum. Eis o grande mal dos evangélicos de nosso tempo: crise de identidade. A única coisa que o evangélico mediano parece saber sobre si mesmo, via de regra, inclui: que sua denominação é, em algum sentido, melhor; que ele é filho da promessa; que ele tem o selo da promessa, e que apesar de não ser dono do mundo, é filho do Dono! Não é "liiiiindo, minha gente"?

Assim, minha primeira razão para deixar de ser evangélico está no fato de que essa gente, os evangélicos, não sabe o que ser evangélico significa. Pergunte a maioria de seus amigos evangélicos: o que é o evangelicalismo? Qual sua origem? Quais seus postulados? Faça um teste, e comprove: quase absoluta ignorância. Somos uma geração que nada sabe sobre os Grandes Depertamentos, ou sobre nomes consagrados de nossa tradição evangélica, como Jonathan Edwards, John Wesley, Charles Finney, Dwigth L. Moody, etc. Nem mesmo o contemporâneo Billy Granham escapa imune a nossa ignorância crônica. Aliás, o Billy só volta ao imaginário dos "gospi" quando algum aloprado escatólogico faz malabarismo para associá-lo a sociedades secretas, e a complôs promotores do Anticristo... Em contrapartida, sabemos tudo sobre espiritos territóriais, ex-satanistas, ex-noivas-do-Capeta, símbolos satanistas ocultos, pregadores-sem-língua, maldições hereditárias, e, claro, campanhas de Sementes, com Bíblias superfaturadas.

Por falar em Bíblia, eis minha segunda razão para deixar de ser evangélico: somos um povo ignorante das Escrituras, e da Teologia! Não só isso, além de ignorantes, temos orgulho do fato! Dia após dia, cresce a idéia de que um cristianismo realmente bíblico, que segue o modelo da Igreja Primitiva, é um cristianismo anti-intelectual. Canonizamos a ignorãncia. Tal blasfêmia sempre esteve presente, com honrosas excessões, na religiosidade pentecostal (de onde eu venho), mas não é privilêgio apenas daquele grupo, infelizmente. Mas, como pentecostal de berço, vou me ater ao que diz respeito a minha experiência mais imediata. "Igreja do Senhor!" - esbraveja o falastrão: "eu tinha um sermão prontindo para vocês esta noite; porém, quando eu chegei neste lugar, o Espírito Santo mudou tudo – fez aquele rebuliço! Por isso, quero lhes dizer que tenho uma mensagem vinda diretamente do céu para vocês! Hoje, eu não quero nada com Teologia: Deus vai falar diretamente com você!”.

Só tem um nome para isso: apologia da burrice. Atitude que não encontra nenhum paralelo no exemplo deixado por Jesus Cristo: "E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que deles se achava em todas as Escrituras” (Lucas 24.27).Que ousadia têm aqueles pregadores e cristãos que desprezam o saber teológico, preferindo em seu lugar qualquer outra coisa, como experiencias e emoções! Eles se acham melhores que Cristo? Eles se consideram mais eficazes que o próprio Senhor, a quem dizem servir e amar? Do contrário, não é certo que deveriam seguir Seu exemplo? Como se atrevem a desprezar aquilo que Seu Deus valorizou?

Intimamente relacionado ao que foi dito acima, identifico minha terceira razão para deixar de ser evangélico. Aqui, um boa dose de cautela, pois estarei pisando em terreno perigoso. Inicio meu argumento com uma exemplificação: que dirá um cristão evangélico contra um cristão católico que, por exemplo, acredita em Purgatório? Resposa bem fácil: "A Bíblia não fala nada sobre um Purgatório, meu filho, acorda!". De fato, e não falando, os evangélicos se recusam a se submterem a um dogma extra-bíblico. Sabem o motivo? É que um dos pilares do Evangelicalismo vem direto da Reforma Protestante: o sola scriptura, segundo o qual, nada do que não esteja explicitamente ensinado nas Escrituras possa ser imposto aos crentes. Mas, ironicamente, aqui nasce um problema para os evangélicos de nossos dias: quando se trata de passar suas próprias tradições e práticas pelo crivo das mesmas Escrituras, ele rapidamente se saírão com a excusa de "não julgueis para não serdes julgados", ou qualquer imbecilidade como "cuidado, o cara é ungido Senhor; e não se deve tocar nos ungidos". Santa hipocrisia!

Ainda sobre isto há mais a se dizer: não apenas usamos o Sola Scriptura na balança da hipocrisia, como também o elevamos a um status de ídolo cego e manco. Calvino? Wesley? Spurgeon? Agostinho? Cramer? Confisões de Fé? Livros de Oração Comum? Não precisamos de nada, nem de ninguém, só das Escrituras! Conseguem perceber o desvirtuamento, a falsidade insinuante? Inventamos a idéia de que ter a Bíblia como regra suprema de fé implica na rejeição do que Deus, por Seu Espírito, fez durante séculos de cristianismo! Porém, se alguém ousar questionar o desatino anti-biblico de algum apóstolo moderno, temos resposta rápida e eficaz: "Cuidado com a Letra, abra seu coração para o mover do Espírito!". Nada mais nos interessa, ao menos, nada que tenha acontecido antes do nosso profeta, apóstolo ou bispa preferidos.

Admito, meus queridos, que há gente na Igreja Brasileira que ainda faz jus ao título "evangélico". É possível que os mesmos sintam-se injustiçados com minhas generalizações. Me solidarizo, acreditem. Infelizmente, por mais triste que seja, o termo evangelico perdeu seu valor, não por si mesmo, mas pelo mau cheiro de quem não lhe soube extrair o perfume. E, cá entre nós, nada mais eficaz para despetar um moribundo que uma boa descarga eletrica no peito: ou acorda, ou bate as botas de vez!

De modo que, tomo a liberdade de me definir como "um cristão, a favor do Evangelho, mesmo que precise ir contra os evangélicos". Peraí! Acho que isso é bem Evangélico, com E maiúsculo, não acham?

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Essência e Existência: Uma Dialética Possível



Quando o filósofo existencialista Jean Paul Sartre faleceu, em 1980, os jornais da França estamparam a manchete: “A França Perdeu sua Consciência”. Sartre foi, sem dúvida, um dos principais filósofos do nosso tempo. Ele criou um estilo inconfundível, pois, distanciando-se do academicismo, entrou na existência cotidiana através de personagens de romances, poesias e peças teatrais.



Expoente do existencialismo, corrente filosófica que afirma que o significado do ser humano pode ser apenas encontrado no ser existente em si mesmo, Sartre deixou como contribuição principal a idéia de que a identidade de uma pessoa não está em sua natureza, pois existir é fazer-se, é tornar-se aquilo que é.



O surgimento do existencialismo trouxe como conseqüência imediata a ruptura com a metafísica essencialista, que durante muitos séculos, dos gregos até Hegel, estudou e afirmou a essência humana – o homem é imagem e semelhança de Deus – deixando sua existência cotidiana ignorada. E foi assim, sob esta tese, partindo de Agostinho, que o cristianismo ocidental se estabeleceu.



Como era de se esperar, o choque entre estas duas correntes aprofundou ainda mais a dicotomia já existente entre essência e existência, pois muitas das doutrinas cristãs são um sincretismo do neo-platonismo com o cartesianismo e o “produto” final gerado é uma metafísica onde o material e o espiritual jamais se coadunam, pois são irreconciliáveis.



É por isso que em nossas “teologias encarnadas” encontramos tanta separação entre “coisas do mundo” e “coisas espirituais”, como se o nosso ser fosse feito de dois pedaços incomunicáveis. No nosso universo vivencial, é comum nos depararmos com conceitos tais como: “música do mundo” e música gospel; arte sacra e arte “profana”; literatura devocional e literatura existencial; vida secular e vida religiosa; e por ai vai...



O grande problema de tudo isto é que no mundo moderno não dá mais para sustentar este tipo de proposição e por uma questão muito simples: nossa sociedade vive sob a cultura da globalização, das tecnologias interconectáveis, do saber interdisciplinarizado, dos textos plurisignificados, ou seja, toda compartimentação, todo isolamento, todo hiato torna-se obsolescente e perde imediatamente sua razão de ser.

A conseqüência disso é que nós cristãos estamos ficando isolados do mundo que nos cerca, não só das realidades existenciais, mas, principalmente, das pessoas. Nossa doutrina é um ensinamento desarticulado, carente de uma ressignificação hermenêutica; nossa linguagem é “gíria de gueto”, cheia de chavões; nossos dogmas são muros intransponíveis, e porque não dizer, insustentáveis; nossas igrejas tronaram-se ambientes fechados, “escolas de profetas”; nosso comportamento é caricaturado, normatizado, um código de conduta inspirado no método de Procusto.



Por isso, não é sem motivo que a grande maioria das pessoas hoje é refratária a Igreja e ao cristianismo. A explicação, dentre outras coisas, está no fato de que nós nos tornamos seres de outro planeta! E pior do que isto: nem mesmo o que afirmamos como mensagem se materializa como fé e prática em nossa vida. Somos muito mais performáticos do que autênticos. Parecemos, mas não somos de verdade. Amargamos existir para fora como um embuste, uma fraude.



Ora, o que você imagina que este tipo de “espiritualidade”, baseada no trinômio – mente cauterizada, coração impermeável e alma esvaziada, pode produzir? Eu lhe digo: uma consciência que não se ressignifica pelos valores do Evangelho, e por isso nem é transformada nem pode produzir transformação; um coração endurecido e brutalizado por todos os matizes da sociedade de consumo, incapaz de perceber o planeta ou de se solidarizar com a humanidade e, finalmente, uma alma confortavelmente anestesiada por antidepressivos e ansiolíticos, paliativos alternativos que nos ajudam a suportar não só as pressões e contradições que experimentamos, mas também nossa total incapacidade de encontrar propósito e significação no chão da vida.



Todos os dias encontro pessoas desejosas de construir uma fé centrada, articulada, instigante, que produza um viver sustentável. Elas querem ter uma experiência com o transcendente a partir do imante. Mas, desgraçadamente, do jeito que está hoje, o cristianismo não lhes serve como opção neste propósito, pois não é capaz, sequer, de lhes chamar a atenção. Sobrará, então, como opção “religiosa”, abraçar as filosofias e crenças orientais ou as doutrinas espiritualistas.

Chega de tanta radicalidade! Chega de tantos paradigmas! Eu acredito que essência e existência são coisas que caminham juntas e que podem ser conciliadas para corroborar na construção de um ser humano melhor. A transformação da consciência produz uma nova matriz existencial e a caminhada cotidiana, as experiências vividas e processadas, retroalimentam e renovam a consciência.



Veja se não foi justamente isso, olhando para as Escrituras, que Jesus afirmou: “vinho novo em odres novos”. Vinho novo tem a ver com os valores do Evangelho e as verdades do Reino de Deus, os quais são capazes de reconstruir a consciência. Odres novos são pessoas, tem a ver com o novo caminho existencial que cada um deverá encarnar para que a fé se materialize nas dinâmicas de cada dia.



Meu sonho, neste momento difícil, é que o cristianismo seja menos verborrágico e encontre a coragem de fazer uma reflexão crítica sobre seus pressupostos: proposições teológicas, crenças dogmáticas, sistemas eclesiológicos, práticas sacramentais e sistematizações litúrgicas. Ignorar isto é correr sério risco de falência múltipla, pois apenas se estará perpetuando – até quando? Não se sabe – a agonia provocada pelo que já se tornou uma infecção generalizada.

Agora, se quisermos mesmo mudar, que sirva-nos de inspiração a famosa frase de Soren Kierkegaard, filósofo dinamarquês em sua reflexão: “quanto mais eu penso, menos eu sou”. “Traduzindo em miúdos”: a existência vivida é muito mais rica que a existência pensada. É hora de agir, não de falar!



Solo Christus!

Contribuição de Carlos Moreira


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Reino Unido contra a fé cristã.


"Eles me disseram que falar-lhes sobre a Palavra de Deus constituía assédio e intimidação".


O Reino Unido, país que há poucos séculos atrás enviou missionários para o mundo inteiro, agora caminha no sentido de criminalizar qualquer prática de fé cristã.

O Reverendo George Hargreaves, presidente do Christian Party, disse que recebeu uma queixa na justiça depois de veicular um outdoor dizendo que a "Inglaterra é um país cristão". Foi dito que o anúncio era ofensivo a ateus e membros de outras religiões, e que incitava o ódio contra eles".

(...)

A directora do Christian Concern for Our Nation - Andrea Minichiello Williams, adverte que se os cristãos britânicos não tomarem partido agora, o país está no caminho de finalmente criminalizar a prática do cristianismo em público.

"Tem havido um movimento maciço pelo lobby secularista para privatizar a religião", disse ela. "Você pode ter fé, contanto que não o afete no local de trabalho. Contanto que você não a leve para o local de trabalho. Apenas a pratique em privado. Não pode ser público. Não pode afetar você na esfera pública".

Outro fato que prejudica a liberdade cristã é o poderoso lobby gay. O cristão Kwabena Peat disse que foi forçado a comparecer a lições de treinamento de sensibilidade para lidar com homossexuais. A professora era lésbica e, em um certo momento, ela perguntou: "O que faz você pensar que ser heterossexual é natural?" Ele, então, saiu da sala e, depois, enviou uma carta para a professora explicando a posição bíblica sobre homossexualismo. Resultado: foi suspenso do trabalho por "assédio e intimidação".

"Eles me disseram que falar-lhes sobre a Palavra de Deus constituía assédio e intimidação", disse Peat.

Fatos como esse acontecem corriqueiramente no Reino Unido.

(...)

Muitos acreditam que o arquiteto da nova cultura anti-cristã do Reino Unido foi o ex-primeiro-ministro Tony Blair, (maçom) que dizia professar a fé católica e era um forte defensor dos direitos dos gays e do aborto. Minnichiello-Williams, bem como outros advogados da defesa da liberdade cristã, dizem que Obama quer fazer o mesmo nos EUA, ao criar "crimes de ódio" e classes de pessoas e/ou religiões especiais protegidas.

CBN News

21 Junho 2010

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HOJE MUITOS CRISTÃOS SÃO PERSEGUIDOS EM INÚMEROS PAÍSES DE FÉ ISLÃMICA. OS MESMOS ISLÂMICOS QUE PODEM MANIFESTAR A SUA FÉ NOS PAÍSES DEMOCRÁTICOS, NÃO POSSUEM  A TOLERÂNCIA RELIGIOSA QUE ESTÃO EXIGINDO E O OCIDENTE ESTÁ CONCEDENDO... UM CONTRASENSO.


A MISSÃO PORTAS ABERTAS TRABALHA ARDUAMENTE PARA MUDAR ESTE CENÁRIO.


VEJA UM VÍDEO QUE MOSTRA A INTOLERÃNCIA RELIGIOSA E O SOFRIEMNTO QUE CRSTÃOS AINDA PASSAM MUNDO AFORA.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

MORTE LENTA...


Em alguns lugares e em alguns casos, a Igreja já está vegetando...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

FELICIDADE?


“Eles comiam, bebiam e eram muito felizes"
(1Reis 4.20 - NTLH).