sexta-feira, 20 de maio de 2011

VOCÊ TEM VOCAÇÃO PARA SER ESPOSA DE PASTOR?




Podemos começar buscando alguns sinônimos para a palavra vocação: aptidão, capacidade, habilidade, inclinação, jeito, orientação, predisposição, propensão, qualidade e tendência. Afinal, para ser esposa de pastor é necessário ter vocação? (Não tratarei aqui sobre o marido de pastora, por ainda serem casos raros).


Existe uma equívoco generalizado entre as Igrejas Protestantes com relação ao ministério das esposas dos pastores, o que tem causado estragos nos casamentos, angústias emocionais e frustrações para todos. Para falar o que é uma esposa de pastor, comecemos pelo que “não é”. Que fique claro: ser cônjuge de pastor não é ser co-pastora ou coadjutora. Não é ser Presidente da Sociedade das Mulheres, organizadora de eventos sociais ou zeladora da igreja.

Sendo pragmático, podemos afirmar que ser esposa de pastor, é ser o mesmo que uma esposa de médico, de advogado ou de piloto de avião, ou seja, ser esposa de pastor não pode ser nem mais nem menos do que a Bíblia orienta: “uma auxiliadora idônea”, uma apoiadora presente, um braço amigo, uma palavra de ânimo. Ou, resumindo: ser esposa! Mas, como assim?

Existem determinadas profissões que exigem dedicação diferenciada. Vejamos o médico: ele não tem horas certas para trabalhar e sua jornada é normalmente acima de oito horas diárias. Não raro, a esposa está com ele, curtindo o calor do marido na madrugada e o celular toca. Lá se vai o marido embora, dando mais atenção para o paciente do que para a esposa. Ele tem um compromisso com a vida e o seu juramento profissional o faz levantar-se, mesmo chovendo, e dirigir-se para o centro cirúrgico cuidar de alguém que dele depende. Se sua esposa não tiver sido vocacionada para ser esposa de médico, terá grandes crises e por raiva desejará inconscientemente a morte dos pacientes e não apoiará seu companheiro para ser um profissional de sucesso. Mas se esta esposa for vocacionada, saberá que a escolha dela em casar-se com um médico tem um ônus e ela não transferirá a responsabilidade de sua escolha conjugal para Deus.

Tenho um amigo de juventude que hoje é piloto de avião em rotas internacionais da TAM. Ele desde a infância sonhava em ser piloto de avião e todos os amigos o acompanharam, oraram e o apoiaram nesta difícil conquista. (saiba mais sobre este meu amigo neste link: http://www.cafecomdeus.com.br/sonhos-esperancas-e-o-tche/ ) Sua filha acabou de nascer. Sua profissão exige longas ausências de casa, tendo que “abandonar” esposa e bebê “sozinhos” em casa para cumprir sua vocação: levar pessoas mundo afora! Muitas vezes o telefone toca de madrugada para emergências, quando outros pilotos não comparecem: O avião tem que decolar! Ser esposa de piloto de avião tem bônus e tem ônus. Se sua esposa não fosse vocacionada para casar-se com um profissional cujo horário de trabalho é tão imprevisível, certamente entraria em crise por sua própria escolha conjugal, talvez até culpasse a TAM...

A escolha que uma mulher faz em casar-se com um clérigo é mais ou menos assim também. Uma escolha pessoal, respeitada pelo livre-arbítrio divino, e que é suportável quando a mulher é vocacionada. Mudanças de endereço constantes? Se esta não é a sua “vocação”, procure não casar-se com pastores ou militares. Famílias de militares são sempre transferidas no transcorrer da carreira e não tem como chorar com o bispo. Se não tem vocação para mudar para longe da saia da mãe, que não se case com militares ou clérigos: trata-se de sensatez pessoal. Assim como o médico, o piloto de avião, o advogado e alguns policiais, o pastor também tem horários diferenciados que o impede de dar a família a atenção que gostaria. Assim como a esposa do médico não deve ter raiva dos pacientes que tira o marido da cama, a esposa do pastor também deve controlar-se e não deve culpar Deus. Assim como o telefone do piloto toca em horários inconvenientes, a esposa de um pastor deve estar consciente desta mesma realidade profissional. A culpa de uma transferência de endereço indesejada não é de Deus ou da Igreja, mas das escolhas conjugais feitas no passado. Agora é olhar para frente. Tudo tem ônus e bônus.

Outro aspecto importante diz respeito à expectativa comportamental que se alimenta em torno das esposas de clérigos. Se não, vejamos: Se um piloto fica doente, é sua esposa que em seu lugar pilota o avião? Claro que não, ela tem sua profissão. Se um policial dá uma ordem de prisão, sua esposa pode interferir? Não! As decisões do policial ou do pastor são prerrogativas suas e não da esposa. Se o médico está impossibilitado, é a esposa quem faz cirurgias? Impossível imaginar! A função destas esposas é serem esposas, ou seja: apoiar, incentivar, caminhar junto, de mãos dadas, suportando as conseqüências naturais das escolhas.

Natural que a esposa de pastor busque uma visão diferenciada do Reino. peça a Deus discernimento espiritual para por ele orar sempre. Cobrir o marido em oração, etc... Mas isto não é ser "pastorinha".

Não é sensato que esposas de clérigos aceitem a pressão que a igreja exerce sobre elas, constrangendo-as a serem um tipo de “co-pastora”. Certamente que estas mulheres também têm suas profissões, seus afazeres e obrigações e é um erro abandonar o cuidado com o marido e com os filhos para cumprir uma jornada informal de trabalho clérigo não remunerada.

Infelizmente, muita vezes, o próprio pastor, por ignorância, expõe sua esposa ou a pressiona a assumir cargos na igreja que estão além das forças dela. Se ela for vocacionada, as coisas  naturalmente acontecerão, como acontece com quem é vocacionado para trabalhar com crianças, louvor ou mulheres. Se a esposa não for vocacionada, impor pressão é criar brigas conjugais "por causa igreja" e pedir para o casamento ir para o lixo em duas ou três nomeações - como  já temos visto acontecer...

Quem tem a vocação é o pastor, não a esposa; ela deve focar-se em manter sua casa em ordem para que o marido possa trabalhar em paz, sabendo que os filhos têm uma mãe presente exercendo a sua vocação natural de ser mãe. Moisés foi um grande líder vocacionado. Sabemos que sua esposa Zípora não suportou o chamado do marido Moisés e voltou para a casa do pai. Ela não conseguiu caminhar com ele, pois casou-se sem opção. Moisés seguiu sua vocação sozinho. Já a esposa de Abraão, caminhou com o marido em fé, apoioando-o na saúde e na doença, mas mesmo assim, Sara não era a “vice-líder”, já que o chamado era de Abraão e Deus somente cobrou e tratou com ele. Querem falar de Metodismo? O que me dizem do divorciado John Wesley?

O que Deus espera de uma esposa de pastor é que seja esposa e não co-pastora, salvo se ela também for pastora (o que é um caso ainda raro). A mulher não deve colocar sobre suas costas peso maior do que este. O pastor não deve exigir da esposa que seja mais que esposa. É insensato ele querer que a esposa seja uma “mini-pastora”, tão insensato quanto o piloto pensar que sua mulher é co-piloto ou o médico que a sua é enfermeira. Cada qual com a sua vocação, chamamento e profissão. O casal, juntos, não deve permitir que a Igreja, nem por brincadeiras, ponha nas costas da esposa obrigações que não sejam suas, salvo ela também ser pastora, remunerada para tal.

Dou graças a Deus por minha esposa, que é muito presente na Igreja: Dá aulas para crianças e coordena o Ministério de Educação, mas não por ser minha esposa, mas por ser vocacionada para isto desde solteira. Ela é um membro da comunidade, não uma “pastorinha”. Ela faz porque gosta e não por constrangimento e eu sempre a “repreendo” quando percebo que suas preocupações com a Igreja estão indo além do normal para um membro comum. Ela me apóia, me dá dicas, caminha do lado, assim como eu também faço por ela em sua vida profissional, apoiando-a sempre, sendo eu um auxiliador idôneo, já que “é melhor serem dois do que um...”, mas “cada um no seu quadrado”.

Luciano Maia

FOI PARA A LIBERDADE QUE CRISTO NOS LIBERTOU!